Murilo Jambeiro de Oliveira
Brasil, 21 de janeiro de 2025.
Maya Gabeira faz parte de um seleto grupo de mulheres que eu admiro bastante. Hoje o jornal esportivo anunciava sua aposentadoria, no topo do recorde mundial de maior onda já surfada por uma mulher. Mas eu não acredito que isso seja uma aposentadoria, é um momento que eu nos meus 43 anos, somos mais ou menos contemporâneos, vejo beleza em uma fase na vida e na carreira de certas mulheres impar. Talvez eu tenha alguns exemplos muito evidentes que eu posto com alguma frequência, que mostram ao longo do tempo como a pessoa e carreira amadurece, diante de uma hiper-exposição midiática. E alguns casos amadurecem melhor, e passam a ocupar novos papéis, e ressignificar a própria obra. E é esse o ponto, Maya é esse tipo de pessoa que ressignifica a própria obra e não se aposenta, ou em outras palavras, chega ainda muito jovem, mais jovem que eu, a uma determinada maturidade, e o fã se torna fã do momento atual da mulher madura.
É um pouco das minhas reflexões, onde por exemplo, às vezes eu tento me encontrar entre gerações e grupos de pessoas, por exemplo pais mais a direita ou mais a esquerda, mais ou menos letrados, mulheres que tiveram um grau de exposição já no princípio da carreira, e que estão ainda hoje produzindo trabalhos que eu considero ainda mais consistentes. Como isso se apresenta para os fãs, como por exemplo a essa altura da minha vida, é mais grato ser fã de mulheres maduras e a forma que elas se ressignificam, e constituíram praticamente uma outra carreira, ou uma postura ainda mais consistente perante o mundo. Seja em sua poesia, seja em sua militância, seja em seu esporte.
Às vezes eu escrevo longamente para alguém que admiro profundamente, e nem sempre há ocasião para dizer que eu redobro a admiração nesse segundo momento, como um momento ainda mais belo da vida dessa pessoa a quem admiro. É como tem transcorrido minhas reflexões e minhas admirações, da necessidade de encontrar inspirações maduras. E há muito tempo eu não penso só na atleta Maya Gabeira, mas na pessoa madura com um momento de beleza impar e exuberante. A maturidade enfim. Ter inspirações é fundamental, e não apenas a inspiração de praxe de atleta que se aposenta, mas de pessoa madura que recomeça, que empreende uma segunda carreira. Que tem essa força, e demonstra como o tempo pode nos dar mais tempo, para fazer tudo de novo ainda melhor.
Acredito que minha contemplação é plena da carreira de Maya Gabeira, porque parte-se de um pressuposto de saúde, a carreira de atleta, algo fundamental em inspiração, mas vai muito mais longe. Encontrar seu lugar ao sol. Quer dizer, tudo é uma profunda inspiração para mim. De repente eu tenho contemplação por Fernando Gabeira ter minimamente esse aspecto de si, eu gostaria de ser pai, e ainda que em permanente diálogo com opiniões como de Fernando Gabeira, eu me alegro desse aspecto do então militante político, hoje jornalista ainda militante. Não é nem mesmo o que eu encontrei pela vida de determinação de filhos de inúmeras pessoas contemporâneas de Fernando Gabeira, correligionários, do que resultou a criação de cada pessoa e a minha própria, é um tipo de mérito pessoal de Maya que eu acho o mais exemplar e admirável, e que me felicita no que ser pai reservou para depois.
E isso é uma escalada de fatores admiráveis, o culto a saúde, a superação, até a representatividade própria, e a opinião, para muito além de vender qualquer coisa. Escolher os próprios ídolos, é um pouco escolher paradigmas que nos norteiam. E Maya Gabeira é um paradigma do que me norteia por tudo isso. Porque é vir ao mundo em um contexto de repressão, é fazer uma opção pela saúde, é ficar seu guarda-sol na praia sobre determinados temas, e demonstrar essa beleza exuberante que eu vejo na maturidade. É paradigmático para mim em diversos aspectos, desde antes de nascer até depois de surfar mais que qualquer mulher do planeta Terra.
@CoexistenceLaw
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