“Acorda Pedrinho”

“Acorda Pedrinho”

Murilo Oliveira

Brasil, 23 de julho de 2023.

Muitos dizem que o Brasil é o país da piada pronta, e em algum sentido tendo a concordar com isso. Talvez no sentido que um grande hit do funk nacional as vezes leva um ou dois anos até chegar até mim, mas ocasionalmente parece uma piada pronta, como “Acorda Pedrinho” da banda Jovem Dionísio, por ocasião das eleições espanholas hoje.

Nem sempre a piada convém, eu sou daqueles que acredita que muitas vezes a piada até ou especialmente entre elites nos aliena de questões centrais que devem ser enfrentadas com seriedade, como de mesma feita, elas podem ou parecem partidárias desse ou daquele, o que não é minha intenção aqui.

A minha intenção aqui é costurar uma série de considerações mais longas que faço nesse Blog sobre a sociedade atual, sem me ater especificamente ao exemplo espanhol, ou a qualquer partidarismo circunstancial aqui ou alhures. Como por exemplo, a fragmentação crescente de todas as sociedades Ocidentais que conheço pela disposição irreversível de aparatos comunicacionais individuais móveis para cada indivíduo, que separa até mesmo casais em uma mesma casa, e assola Estados Nacionais como nunca.

Ao mesmo tempo que esses Estados Nacionais podem se ver diluídos num movimento crescente de formação de blocos, há internamente enorme fragmentação, e isso é um desafio muito grande para Ciências Sociais.

A informática não retrocede, e não é dado de um player, embora deva ser levado em conta por cada um deles.

Dentro dessas duas perspectivas, um movimento talvez crescente de Estados Nacionais formarem blocos de consenso entre si, e a crescente fragmentação dos grupos humanos mais elementares, qual seja, como insisto, grupos de dois indivíduos, de um ser certamente gregário. Temos nesse meio tempo, elaborações das Ciências Sociais ainda muito frágeis para administrar a velocidade das proposições das Ciências da Computação. E como resultante, temos uma sociedade rapidamente mais violenta.

O risco que existe é realmente o agravamento muito rápido da “violência de todos contra todos”. Que se tornam cada dia mais evidentes em todo o mundo, consensos cada vez mais frágeis, desde sua menor e mais tradicional célula que é a família, até os Estados Nacionais.

O ocorrido recentemente no Brasil, com a completa devastação daquela praça que representa os três poderes do Estado brasileiro, não é fenômeno isolado e que não merece estudo de todos. Esse impeto de devastar praças atine a humanidade como nunca antes visto, na ausência de consensos mínimos. É absolutamente necessário que as Ciências Sociais alcancem as Ciências da Computação a tempo. Sob risco, como disse, de uma “guerra de todos contra todos”.

Existe uma falsa aparência de uma nascente sociedade do amor, mas certamente não é o que está ocorrendo, nem mesmo nos aparenta como a probabilidade dos fatos. Entre o Chipanzé e o Bonobo que eu avento nesse Blog, existe um sentimento comum de preterimento entre uva e pepino. Tudo que se possa fantasiar a mais ao contrario disso é uma ilusão de uma futura sociedade incrivelmente amorosa, onde de fato, amorosos são nossos intelectuais aqui tentando a custos muito altos encontrar alguma solução para isso. Não há nenhuma sociedade do amor em gestação hoje.

Assumir o ser humano como “ser gregário” significa assumir que sejam necessários de fato seres amorosos capazes de observar e explicar a regularidade desses fenômenos para os demais. Políticas de informática cada vez mais voltadas para o bem comum das comunidades locais, é algo que eu como toda a humanidade ainda ensaiamos como acumulo saudável das Ciências Sociais para administrar os avanços das Ciências da Computação.

A fragmentação completamente adversa da comunicação numa mesma casa não parece saudável até aqui. Se você implode uma casa, você implode um prédio, você implode uma praça, ou parlamento. É algo como olhar uma célula doente, e ao ver o organismo todo na tv, observar organismos cada vez mais disfuncionais em todo o mundo, ou com dificuldades crescentes de governança de diversos Estados Nacionais.

A coesão social tende historicamente a menor, e está rapidamente indo a menor. De forma cada vez mais espraiada por todas as praças do planeta Terra. Precisamos de proposições e práticas que solidifiquem algum paradigma de coesão social capaz. Ainda que não certamente o mesmo, ou melhor dizendo, ainda que precisemos de tempo com o mesmo até que tenhamos ciência perfeita do quando precisamos reinvestir em sociabilidade com o próximo, realmente próximo fisicamente.

Certo dia disse a Greta Thunberg, ainda que ecologia no meu ponto de vista imponha otimização, venho da suposição que sim, precisa, a logística do fato me é absolutamente complexa, como o próprio medo da mesma de avião. A humanidade não atende mais pelas cercas tradicionais, nem mesmo que o cerco comunicacional seja imenso, a subtração que as cadeias de consumo globais propõe ou mesmo a ilusão do amplo dispor de variedades de toda Terra, não consegue responder a questão de como advogados vão viver bem entre si na Bélgica, ou políticos entre si na Suíça.

Mesmo que no Brasil já tenhamos uma piada do Jovem Dionísio pronta há talvez dois anos nas minhas contas, para as eleições espanholas de hoje!

@CoexistenceLaw

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Murilo

Murilo Oliveira is a Brazilian lawyer, the themes proposed here are of variety, without political or religious purposes, as for all those who hold the angelic culture in great esteem. Visit: https://www.flickr.com/photos/198793615@N08

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