Murilo Oliveira
Brasil, 17 de novembro de 2023.
Stephanie Kelton autora de “O mito do deficit: teoria monetária e o nascimento da economia” tem sido apontada como uma das ideólogas do “Bidenomics”. Integro aqui sua breve fala no TED logo abaixo. Mas o que nos releva dizer seja talvez que hoje o Keynesianismo, ou “Green New Deal” ganha uma notoriedade entre especialistas, que eu não havia visto até hoje nas muitas décadas anteriores, muito menos em países em desenvolvimento.
Em linhas gerais, Biden tem hoje o mais baixo índice de desemprego em muitos anos, algo em torno de 3,5% ao mesmo tempo que questiona um teto de gastos, um discurso muito forte no Brasil nos últimos anos, o combate ao deficit fiscal. Onde como John Maynard Keynes já aventava, investir em infraestrutura como indutor fundamental da atividade economica vem em socorro ao conjunto da economia. Claramente o “turnpoint” do consenso em favor de Keynes me parece acontecer com a pandemia. Em que pese os juros altos.
O Governo Norte-Americano investe quase duas vezes o PIB brasileiro, US$ 3.5 trilhões, na renovação de sua base industrial a preparando para a redução de emissão de carbono, e melhor cobertura de politicas sociais que aumentam o poder de compra e fortalecem a classe média. Ao mesmo tempo reduz a dependência da China com o México se tornando seu maior parceiro comercial.
Em que pese todos esses dados, o consenso ainda não existe de forma forte no mercado, com o rebaixamento da nota dos Estados Unidos pela agência de classificação de riscos Fitch, e uma aparente apatia quanto a popularidade de Biden entre a população americana em geral que não dá conta disso. A popularidade do Governo Biden até aqui não sobe ao mesmo tempo em que se dá conta disso. O chamado “Bidenomics” ainda não é um sucesso eleitoral, a despeito de já apelar a expediente muito brasileiro de colocar placas em obras em andamento para afirmar sua autoria.
Ou seja, o quero dar conta aqui é que a essa altura dos fatos, não se fala mais em Keynesianismo com tanto constrangimento como antes, ainda que sem pleno consenso dos mercados, ou grande popularidade eleitoral, o mito do deficit fiscal sofre pela primeira vez um grande ponto de inflexão. Justamente no momento em que teto de gastos por exemplo, todo o corolário da responsabilidade fiscal, é propagado no Brasil como uma verdade quase religiosa. A compreensão de que alguns gastos sociais e muito especialmente em infraestrutura não devem ser achatados sob um rígido teto, mas tem um efeito multiplicador e gerador de emprego, passar a ser praticado em grande parte do mundo sem maiores pudores.
@CoexistenceLaw
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