Murilo Jambeiro de Oliveira
Brasil, 11 de março de 2025.
Eu costumo dizer, até observando coisas completamente absurdas, tem dias que eu escrevo mais que outros e eu acredito que o motor de tal inspiração é a quantidade de absurdos que vemos na tv, nas agências de notícias, ou nas redes sociais, mas eu costumo dizer que em alguma medida algo como ficção, ou se quiser chamar religião, nunca deixará de existir, no sentido de que quando a ciência se depara com uma fronteira que lhe inspire dúvida ou medo, a criatividade vai agir cogitando ficções cientificas, ou crendices e religiões. Tentativas de religar coisas desconectadas por essa dúvida ou esse medo. Repito, eu por exemplo imagino um pouco como ficção e mais que isso, até como acervos históricos desse tipo de questão, duvidas e medos humanos.
Vamos além, é uma obrigação do Estado e do administrador público ser laico, no sentido de um pronunciamento de vitória protocolar que está ficando fora de moda, qual seja, governarei para todos, aqueles que votaram em mim e aqueles que não votaram em mim. Esse tipo de pronunciamento está desaparecendo do protocolo do primeiro pronunciamento de políticos em geral, como uma espécie de contra-mão muito louca. Ou melhor dito, pronunciamentos até que bem claros no sentido de que vou governar só para quem votou em mim. O movimento contrário a laicização é muito mais forte do que a lógica que o Estado venha a ser plenamente laico. Até ontem por exemplo, o crime organizado no Brasil, não tinha cunho religioso, ou místico, e isso é de uma lógica estrita que não seja, a religião no mais das vezes causa um processo expiatório, ou de arrependimento sob determinados preceitos, mas ainda assim, a função de controle social das religiões conseguiu a esse limite de absurdo sobrepujar a expiação. Controle social, conformismo, medo, se tornaram os aspectos tão mais importante e poderosos das religiões, do que todos os outros que se pudesse inspirar, como as vezes me inspiram um dado histórico sobre essas coisas, uma pretensa ética mais honesta.
E enquanto tudo isso acontece no Ocidente, eu falo especificamente do Brasil, mas acontece em todo o Ocidente, isso é largamente entendido como uma fragilidade desse lado do mundo pelo Oriente. Isso tem um modos operante preciso e com denominação de origem, em boa parte, esse corolário religioso é algo ridículo aos olhos dos chineses, por exemplo. Não é incomum, há mais penetração desse orientalismo chinês, perceptível ou não, consciente ou não, em meios ditos anti-religiosos. Ou melhor dizendo explico, em alguma dimensão de fatos o chinês é alguém que acredita que deveríamos nos envergonhar de nós mesmos no Ocidente. Seja por seu profundo controle social e obediência, seja porque esse foi um expediente do Ocidente contra por exemplo a China no que fazíamos aqui um discurso de supostos paladinos defensores da liberdade e dos Direitos Humanos, contra todo o povo chinês, sem contudo que isso significasse de fato a prática desses valores em todo o mundo, e concomitantemente a nos aproveitarmos da ausência desses direitos e de todo o controle social chinês que lá existe, para adquirir produtos os mais variados e fabricados com preços muito aprazíveis ao Ocidente devido, novamente, a esse estrito controle social e a completa ausência de Direitos Humanos, que só favorece e favoreceu o próprio Ocidente e não os chineses. Quer dizer, vai de barato para um chinês, que nós nos envergonhemos de nós mesmos, e cresce em alguns grupos de pessoas em descompasso histórico com por exemplo as religiões, essa influência, de forma consciente ou inconsciente.
Não bastasse isso, temos também oposto ao Ocidente, toda a cultura russa, que não é nada desprezível, como a cultura milenar chinesa nunca nos seja desprezível, a cultura até que recente de povo russo, tem um valor para todo o mundo, e especialmente para Ocidente, é tão entranhada em toda a cultura do Ocidente, que age tão bem entre nós como talvez não tenhamos diagnóstico preciso. E em que sentido? Por exemplo sobre todo o conteúdo de Ciências Humanas. Há entre todos os russos um certo desprezo pelos sistemas políticos Ocidentais. Novamente, uma briga de acusações trocadas. Enquanto o tal discurso da liberdade disputou territórios em todo o mundo entre Estados Unidos da América e a União Soviética, depois a Rússia, o discurso norte americano de liberdade, o que se mostrou é que o desrespeito a autodeterminação dos povos era tão grande, o desconhecimento por exemplo de belíssimas culturas do mundo árabe, e a incapacidade completa de em se misturar a essas belíssimas culturas árabes de as tornar mais livres, muito pelo contrário, as fez sanguinárias e mal compreendidas, levou por exemplo o antípoda dos Estados Unidos da América nesse processo de disputa de territórios tão descrente na liberdade da América, quanto jocoso. Inclusive ou muito especialmente, do aspecto militar, que não chega a ser ninguém melhor, e do aspecto político, que é um antagonista poderoso de soluções políticas passageiras e ou circunstanciais. Como explicar isso? Novamente nossa critica habitual no Ocidente, contra um outro determinado povo sendo rebatida e invertida. O russo acredita piamente que nossas forças militares são ridículas, esse é um ponto, a farda Ocidental, norte americana, brasileira, ou qual for do Ocidente, não tem o respeito e o prestígio que um russo tributaria aos seus. Mais que isso, a crítica habitual, aprendemos a chamar a Rússia de hoje de ditadura, e isso lhes provoca risos, no sentido de que o constante processo eleitoral dos Estados Unidos da América, e do Brasil por exemplo, faz com que tenhamos habitualmente projetos descontinuados, desperdício, falta de projeto e conhecimento de causa de nossos líderes. Ou seja, se o chinês acha que temos nos envergonhar de nós mesmos, os russos acham que temos que nos envergonhar de nosso sistema político.
E eu falava a laicização, como quem diz, governarei para todos que votaram ou não em mim. E por que já não se diz isso? Porque hoje conforme dizia em outro artigo ainda hoje, se tornou por exemplo uma praxe e uma necessidade defender minorias, mas sob algum aspecto bastante preocupante, temos hoje em todo o Ocidente, um desabrigo do homem médio, do homem do sexo masculino branco de meia idade. De repente a vergonha é tão completa quanto a tudo, que promete-se governar para esse e não para aquele, e não é a vergonha das minorias, é a vergonha do que em larga medida o homem médio do Ocidente foi tomado de fragilidades e ignorâncias em sentido literal. Um nível de alienação e abominações no discurso político, que se torna desgostoso do Estado como um todo, é acometido do anarquismo, propaga na ausência da religião, da história, na sua extrema desqualificação como interlocutor de qualquer assunto, até mesmo do sexo que é assunto popular, quando por exemplo não sabe mais como se portar civilizadamente entre muitas mulheres numa mesma empresa, que tem artifícios muitos na estratégia de ascensão social mais engenhosas, tem até mesmo em outras minorias como gays e negros que no momento sensível das suas conquistas de direitos compensatórios, e reconhecimento de hipossuficiências, o descortinar de um homem médio completamente vulnerável, surpreendido, despreparado, ignorante mesmo, e agressivo. Ele não se excetua na lei, nem se preparou para ser alguém integrado e bem preparado. De repente, afim de exemplo, mas não é desprezível, opções sexuais mais amplas aparecem como muito mais competitivas, onde além de tudo, não sofre de auto-expiação, arrependimento. Como por exemplo a religião em geral é proscrita em casa de políticos brasileiros, não é desejável conviver com arrependimentos. Pragmaticamente, o homem médio, do sexo masculino, branco, e diria até heterossexual, vem de uma desvantagem competitiva, que o coloca na defensiva, e como as ondas do mar, muitas vezes no contra ataque. Onde, esclareça-se também esse dado, o norte americano médio muito especialmente, passou a fazer questão de empregos que antes não fazia questão, e deixava para que imigrantes os servissem, homens e mulheres, desde fritar hambúrguer, até fazer unhas ou faxinas.
Quer dizer, estamos diante do mais grave e agressivo abismo social da história da humanidade, é esse o dado que insisto, onde qualquer recurso de controle social é utilizado de forma grave e agressiva. Inclusive as religiões, e necessariamente por isso, e não por nenhuma curiosidade histórica, como eu por exemplo me acostumei a nutrir. Agora mais do que nunca, pelo conformismo, pela vergonha de si, pela expiação. Não pela ficção como eu constantemente me permito, e como acho que é um momento belo propiciado pela ciência, e não pela religião em si, tão pouco pela política. A política é um momento magistral da inversão de acusações, e das desqualificações de seus adversários, que pensamos em bondade quando alguém afirmar que alguém está fazendo uma “projeção freudiana”, a política faz de fato com ostensiva opressão e injustiça, inversões completas, impingindo ao outro seus próprios problemas ou as acusações que recebe, sem misericórdia nem tempo para reflexão ou reação do adversário, impiedosamente o desqualificado. E se de fato o for, desqualificado, isso vai agir por toda uma imensa área do globo terrestre de uma forma impressionante. Vamos ter vergonha de si, de nossos militares, do sistema político, vamos entrar em parafuso com o completo despreparo de todas as lideranças, de minorias, ou de homens médios. Com direitos compensatórios, como manda dar o igual para os iguais e o desigual para os desiguais, sendo usado para uns de nós oprimamos os outros, ou melhor dito, ataquemos a nos mesmos, quando um direito reparatório, compensatório, se torna uma espécie de demonstração da vulnerabilidade e do pânico social.
@CoexistenceLaw
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